Bellydance... estigma do patinho feio!!!
O meu primeiro post sobre a Dança Oriental irá incidir-se numa conversa que tive ontem com uma amiga minha que também é bailarina.
Enquanto fazíamos o nosso croché de língua, como a Sandra costuma dizer, algo se tornou mais vivo acabando por se destacar em relação ao tema da conversa.
Para esclarecer quem ainda não conhece a Dança Oriental irei fazer um breve resumo dos estilos, termos e conceitos que a definem.
A Raqs al Sharqi, que em árabe significa dança do (L)Este ou do Oriente logo por consequência Dança Oriental, é mais conhecida por Dança do ventre. Este último termo traduz-se para Bellydance e faz alusão à principal parte do corpo da mulher que mais integra esta dança .
Por não ser circunscrita a um país ou a uma religião, mais sim enriquecida por uma multi-culturalidade, a Dança Oriental diverge em vários tipos e estilos de dança por todo o Médio-Oriente, tais como, Saiidi (típica do Sul do Egipto e que se dança normalmente com um bastão) e o Khalige (tradicional do Golfo Pérsico no qual a bailarina dança coberta por uma grande túnica e usando os seus cabelos). No entanto o estilo mais conhecido no Ocidente é oriundo do Egipto, mais precisamente do Cairo. Este é aquele que mais transpõem a imaginação dos Ocidentais para a imagem de uma mulher vestida com trajes exóticos e de ventre descoberto, o qual baloiça e fervilha ritmadamente, apelando de forma sexual, ao som de uma música por momentos lânguida ou por instantes febril, .
Apesar de esta imagem não corresponder inteiramente à realidade é a razão pela qual nós Ocidentais denominamos este estilo de Bellydance, generalizando por vezes o termo para toda a Dança Oriental. Por toda a sua História no Ocidente o Bellydance encontra-se associado a uma imagem negativa e com uma conectividade sexual. Infelizmente existem muitas supostas bailarinas que contribuem para que isso seja verdade. Por outro lado, e com o intuito de fugir a esta imagem, muitas outras optam por abordar outros estilos dentro da Dança Oriental, afirmando inclusivamente que o Bellydance se torna desprestigiante para a imagem da mulher.
Tendo agora a casa arrumada partirei para a questão que foi o motivo de tanta conversa entre mim e a minha amiga Sandra.
Será que o Bellydance denigre a imagem da mulher? Será que vulgariza e desvaloriza o poder do feminino?
Em minha opinião NÃO MESMO!!! Para mim o que desprestigia a mulher tanto na Dança Oriental como em qualquer outra dança ou área artística é a ausência de feminilidade, de postura, de saber estar, de elegância, do sentido do púdico e sobretudo do Savoir faire, ou seja, existe muita dançarina que faz questão de mostrar o seu corpo de uma forma banal e irresponsável. Exibem nem que seja a ponta do dedo mindinho e sem terem um motivo "dramatúrgico" que a nível de espectáculo se justifique ou que o enriqueça.
Para mim não me faz confusão nenhuma nem tão pouco acho que se torne feio que uma bailarina se apresente em palco com um fato em que a saia possa mostrar um pouco da sua perna. Para mim o que me faz confusão é dançar com uma saia que deixa visualizar a minha roupa interior ou antes ter um vestido bastante elegante e não lhe fazer jus.
Esta ultima situação referência sobretudo o comportamento de uma bailarina em palco e nos bastidores. Nem sempre é o vestido que pode vulgarizar ou salvar uma apresentação ou espectáculo mas sim a postura e atitude da bailarina tanto em palco como nos bastidores. A linha entre a sensualidade e a vulgaridade é muito ténue e pode ser quebrada em qualquer momento.
Lembro-me que na primeira vez que dancei publicamente não tinha camarins onde pudesse esperar que o espectáculo começasse por isso o público podia ver-me mesmo antes de actuar. Esta situação não é nova pois quem se apresenta em casas de chá sabe do que eu estou a falar. Nesse espectáculo a minha professora disse-me que enquanto não entrasse em palco deveria cobrir o meu corpo nem que seja com um véu e só o descobrir no momento em que realmente fosse dançar.
Existe uma bailarina muito famosa, Shahrazad Sahid, que diz que toda a bailarina tem de ter a consciência de que a dança é um momento sagrado e que quando se apresenta em palco deve fazê-lo como uma deusa. Chega inclusivamente a referir que uma bailarina não deve rir alto pois tem de ser discreta, não se deve aproximar das mesas dos clientes e muito menos deixar que estes lhe coloquem dinheiro no corpo (bem isto em Portugal não acontece… muito menos com a crise!!!).
É por todo isto em que acredito, e que são os meus princípios enquanto aspirante a bailarina, que luto sempre que falo da Dança Oriental ou quando danço, para que não haja (pré)conceitos, para que possa continuar a defender o que AMO, para prestar qualidade ao meu trabalho, para que seja ARTE e sobretudo para que as pessoas saibam apreciar, reconhecer e distinguir o que faço… Essa será a minha grande vitória.
Maria*
O meu primeiro post sobre a Dança Oriental irá incidir-se numa conversa que tive ontem com uma amiga minha que também é bailarina.
Enquanto fazíamos o nosso croché de língua, como a Sandra costuma dizer, algo se tornou mais vivo acabando por se destacar em relação ao tema da conversa.
Para esclarecer quem ainda não conhece a Dança Oriental irei fazer um breve resumo dos estilos, termos e conceitos que a definem.
A Raqs al Sharqi, que em árabe significa dança do (L)Este ou do Oriente logo por consequência Dança Oriental, é mais conhecida por Dança do ventre. Este último termo traduz-se para Bellydance e faz alusão à principal parte do corpo da mulher que mais integra esta dança .
Por não ser circunscrita a um país ou a uma religião, mais sim enriquecida por uma multi-culturalidade, a Dança Oriental diverge em vários tipos e estilos de dança por todo o Médio-Oriente, tais como, Saiidi (típica do Sul do Egipto e que se dança normalmente com um bastão) e o Khalige (tradicional do Golfo Pérsico no qual a bailarina dança coberta por uma grande túnica e usando os seus cabelos). No entanto o estilo mais conhecido no Ocidente é oriundo do Egipto, mais precisamente do Cairo. Este é aquele que mais transpõem a imaginação dos Ocidentais para a imagem de uma mulher vestida com trajes exóticos e de ventre descoberto, o qual baloiça e fervilha ritmadamente, apelando de forma sexual, ao som de uma música por momentos lânguida ou por instantes febril, .
Apesar de esta imagem não corresponder inteiramente à realidade é a razão pela qual nós Ocidentais denominamos este estilo de Bellydance, generalizando por vezes o termo para toda a Dança Oriental. Por toda a sua História no Ocidente o Bellydance encontra-se associado a uma imagem negativa e com uma conectividade sexual. Infelizmente existem muitas supostas bailarinas que contribuem para que isso seja verdade. Por outro lado, e com o intuito de fugir a esta imagem, muitas outras optam por abordar outros estilos dentro da Dança Oriental, afirmando inclusivamente que o Bellydance se torna desprestigiante para a imagem da mulher.
Tendo agora a casa arrumada partirei para a questão que foi o motivo de tanta conversa entre mim e a minha amiga Sandra.
Será que o Bellydance denigre a imagem da mulher? Será que vulgariza e desvaloriza o poder do feminino?
Em minha opinião NÃO MESMO!!! Para mim o que desprestigia a mulher tanto na Dança Oriental como em qualquer outra dança ou área artística é a ausência de feminilidade, de postura, de saber estar, de elegância, do sentido do púdico e sobretudo do Savoir faire, ou seja, existe muita dançarina que faz questão de mostrar o seu corpo de uma forma banal e irresponsável. Exibem nem que seja a ponta do dedo mindinho e sem terem um motivo "dramatúrgico" que a nível de espectáculo se justifique ou que o enriqueça.
Para mim não me faz confusão nenhuma nem tão pouco acho que se torne feio que uma bailarina se apresente em palco com um fato em que a saia possa mostrar um pouco da sua perna. Para mim o que me faz confusão é dançar com uma saia que deixa visualizar a minha roupa interior ou antes ter um vestido bastante elegante e não lhe fazer jus.
Esta ultima situação referência sobretudo o comportamento de uma bailarina em palco e nos bastidores. Nem sempre é o vestido que pode vulgarizar ou salvar uma apresentação ou espectáculo mas sim a postura e atitude da bailarina tanto em palco como nos bastidores. A linha entre a sensualidade e a vulgaridade é muito ténue e pode ser quebrada em qualquer momento.
Lembro-me que na primeira vez que dancei publicamente não tinha camarins onde pudesse esperar que o espectáculo começasse por isso o público podia ver-me mesmo antes de actuar. Esta situação não é nova pois quem se apresenta em casas de chá sabe do que eu estou a falar. Nesse espectáculo a minha professora disse-me que enquanto não entrasse em palco deveria cobrir o meu corpo nem que seja com um véu e só o descobrir no momento em que realmente fosse dançar.
Existe uma bailarina muito famosa, Shahrazad Sahid, que diz que toda a bailarina tem de ter a consciência de que a dança é um momento sagrado e que quando se apresenta em palco deve fazê-lo como uma deusa. Chega inclusivamente a referir que uma bailarina não deve rir alto pois tem de ser discreta, não se deve aproximar das mesas dos clientes e muito menos deixar que estes lhe coloquem dinheiro no corpo (bem isto em Portugal não acontece… muito menos com a crise!!!).
É por todo isto em que acredito, e que são os meus princípios enquanto aspirante a bailarina, que luto sempre que falo da Dança Oriental ou quando danço, para que não haja (pré)conceitos, para que possa continuar a defender o que AMO, para prestar qualidade ao meu trabalho, para que seja ARTE e sobretudo para que as pessoas saibam apreciar, reconhecer e distinguir o que faço… Essa será a minha grande vitória.
Maria*