Mariam Mendonça

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Sobre o Blog

Este blog tem como objectivo principal a divulgação do meu percurso pela Dança Oriental tal como toda a sua cultura inerente. Visa também ser um ponto de encontro para todos os amantes desta dança. Aqui podem encontrar documentos de investigação, páginas sobre eventos, receitas Árabes, etc.

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Dança Oriental:Tabus e Verdades por Joana Saahirah

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Neste artigo, Joana Saahirah - bailarina portuguesa que há anos dança no Cairo - fala sobre Tabus e Verdades na Dança do Ventre. *

A “Dança do Oriente” pode ser praticada por Homens ?

Esta não é uma Dança tradicionalmente praticada por Homens pois possui toda uma origem, história, simbologia e movimentos específicos ligados ao Feminino e aos valores que habitualmente lhe estão ligados. Porém existem Bailarinos e adeptos desta Arte Antiga e não é por isso que perdem ou colocam em causa a sua masculinidade, muito pelo contrário!Os Homens podem e devem praticar esta Dança pois poderão usufruír dos seus benefícios e, além disso, desenvolver a sua sensibilidade e entrar num novo mundo em que desenvolverão todo o seu Ser e compreender melhor as Mulheres e a si mesmos!Embora conste que a “Dança do Oriente” nasceu num universo intimamente feminino e está rodeada de simbologia ligada à Mulher foi-se tornando, ao longo dos tempos, numa expressão artística e popular em que os dois sexos participam activamente. Em muitos países do Próximo e Médio Oriente, as crianças de ambos os sexos são ensinadas a dançar desde muito pequenas imitando os movimentos dos seus pais e avós. Nestes ambientes familiares onde a dança renasce de geração em geração ela é utilizada para celebrar ocasiões especiais da vida: o nascimento de uma criança, uma circuncisão, um casamento, uma boa colheita, um feriado religioso, uma reunião de família ou um encontro ocasional de amigos chegados... É uma dança de alegria e celebração. A maioria destas pessoas ficaria chocada e perplexa se soubesse que, no Ocidente, muita gente a vê como uma dança utilizada pelas mulheres com o intuito de seduzir os homens.É muito comum no Egipto actual ver-se um jovem rapaz ou um velho começando espontaneamente a rolar os ombros ou a rodar as suas ancas assim que ouve o mínimo indício de música proveniente de um carro que passa ou do interior de uma loja. Uma das coisas que mais me impressionou nesta minha última viagem ao Egipto foi precisamente a destreza e a habilidade técnica – que, para eles, é espontânea e não estudada – da dança de muitos homens.A maioria das mulheres continua a dançar só no recato do seu lar entre os seus familiares enquanto os homens se juntam facilmente a quem quer que dance por perto...surpreendi-me com o talento, graça e descontração de muitos deles! Para o observador cultural é óbvio que os movimentos considerados pelos ocidentais como “femeninos” são, no
seu contexto cultural de origem, simples partes do vocabulário de movimentos nativos.A melhor documentação acerca dos Bailarinos (homens) ao longo da história chega-nos da Turquia, na maior parte das vezes produto de relatos e notas de viagem datadas do século XVI ao séc.XIX. Estes Bailarinos da Turquia ( grande parte deles jovens rapazes) eram conhecidos por “Kocheks”. Todas as classes sociais da Turquia apreciavam as actuações destes autênticos “entertainers” que actuavam em muitos dos festivais de Istambul ( principalmente durante o séc.XVII, altura em que gozaram o auge da sua popularidade ) e eram requisitados para todo o tipo de festas. Descrições contam que estes Bailarinos tocavam crótalos ( “sagat”- uma espécie de discos metálicos que deram origem às castanholas) ou estalavam os dedos acompanhando o ritmo da música enquanto dançavam. Embora houvesse Bailarinas (mulheres) na Turquia conhecidas por “Chengis” elas não actuavam em público. De acordo com a tradição, homens e mulheres não conviviam socialmente uns com os outros. Como as mulheres não eram vistas em ocasiões sociais com o sexo oposto, as bailarinas eram contratadas para actuar em residências privadas de famílias mais abastadas que lhes podiam pagar para divertimento das dona da casa e familiares.O banho público ou “hamam” era outro sítio em que as Bailarinas podiam actuar. Infelizmente não existe muita informação detalhada acerca dos Bailarinos (homens) no Egipto e o que existe chega-nos , como no caso da Turquia, de relatos de viajantes europeus.Relativamente ao Egipto, estes relatos datam do séc. XIX , um período que assistiu ao eclodir de vários movimentos sociais e culturais: a era Vitoriana, a idade do Romantismo e o movimento Orientalista. A percepção e a forma como estes viajantes viram e assimilaram a cultura oriental está intimamente ligada aos preconceitos próprios das sociedade ocidental de onde vinham e a todos estes movimentos europeus e americanos que ditavam formas de viver que entravam em choque com a essência do Oriente. Os relatos mais conhecidos sobre estes bailarinos no Egipto chegam-nos da obra de Gustave Flaubert, Viagens no Egipto e da obra de W.E. Lane, Maneiras e Hábitos dos Egípcios Modernos. Este último autor conta-nos que, para além das “Gavazi” (tribo nómada conhecida pelas suas bailarinas), existiam homens jovens e rapazinhos que se chamavam “Khavals” e que dançavam da mesma maneira que as “Gavazi” e eram contratados para actuar em casamentos e ocasiões festivas. Estes bailarinos – vistos pelos estrangeiros como efeminados ou mesmo travestis – eram versados em Interpretação, Comédia, Canto e Música. Apesar de serem muito apreciados por todo o Próximo e Médio Oriente, estes bailarinos viram o seu declínio e extinção a partir do séc.XIX. Na Turquia, um édito de 1857 declarou as suas atuações em público ilegais. No final do séc.XIX a Turquia já entrara num rápido processo de modernização e de reformas sociais com o objectivo de manter a sua posição face ao poder mundial. Muitos dos velhos costumes e tradições morreram tanto na Turquia como no Egito. A partir do início do séc.XIX os viajantes europeus começaram a monopolizar as bailarinas, a pedir e a pagar muito bem para as ver a Elas e não a Eles!Hoje em dia, os homens na sociedade árabe não dançam profissionalmente em público – com algumas raras excepções – mas são socialmente aceites como professores. Hoje em dia, é comum encontrar-se óptimos profissionais conhecidos em todo o Egipto e pelo mundo fora basicamente como professores e coreógrafos.*

Há limite de idade ou peso para a prática da “Dança do Oriente”?

NÃO, não há limite algum para a prática desta Dança. O(a) praticante poderá ter qualquer idade, qualquer tipo de Corpo (peso, forma) sem corresponder ao tipo físico imposto pela nossa sociedade, pode ter ou não experiência em Dança ou simplesmente nunca ter feito nada a este nível e ainda assim poder evoluír e chegar a dançar realmente bem. O sucesso da aprendizagem depende mais de outros factores e diferem de pessoa para pessoa.*

Como se pode (tentar) definir “Dança do Oriente”?

Num conceito muito amplo de Dança verificamos que esta é basicamente Movimento (físico, emocional, mental e espiritual) que se exprime e revela em todas as suas “nuances” através da música. Em termos mais específicos, a “Dança do Oriente” é uma sequência de movimentos corporais que são interpretados segundo a pessoa que dança e que possuem significados específicos executados segundo uma variedade imensa de ritmos e dinâmicas. A música específica para estes movimentos é de origem árabe ou egípcia e a sua interpretação exige Técnica mas também espirituosidade, inspiração, concentração e interacção da Bailarina consigo mesma, com os músicos que a acompanham, com os sentimentos que a música desperta, com os movimentos, com o ambiente e público que a rodeia.Não se trata de uma Dança egocêntrica, mas quem a dança tem de comunicar com o seu Interior, consigo mesmo antes de comunicar com quem o(a) está a ver.*

Trata-se de uma dança de sedução?

A Dança Oriental é vista, tanto no Ocidente como no Oriente, como uma forma de entretenimento pouco evoluída e que serve de arma de sedução da parte da Mulher em relação ao Homem. Este conceito evoluiu de um percurso histórico e social que ajudou a que esta imagem distorcida e errada se estabelecesse e deve-se também ao facto de esta ser uma dança misteriosa e incompreensível para a maioria das pessoas, mesmo para o povo árabe! A Dança Oriental é uma arte maravilhosa e alquímica que exige profundidade e conhecimento de causa para ser exercida e devidamente apreciada.
Nada tem a ver com sedução de um indivíduo em relação ao outro mas sim com o lado sedutor da vida, dos sentidos e da beleza do Universo e da alegria de viver plenamente!Embora seja uma dança que realça a beleza e feminilidade da Mulher, não é, de forma alguma, uma forma de agradar a ninguém. Se existe alguém a quem podemos agradar na dança oriental, esse alguém somos NÓS MESMOS!

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