Mariam Mendonça

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Sobre o Blog

Este blog tem como objectivo principal a divulgação do meu percurso pela Dança Oriental tal como toda a sua cultura inerente. Visa também ser um ponto de encontro para todos os amantes desta dança. Aqui podem encontrar documentos de investigação, páginas sobre eventos, receitas Árabes, etc.

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Tabla Solo... O Fogo. O Romance.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010



Tabla Solo... O Fogo, O Romance.
Quando pensamos em Dança Oriental a primeira imagem que nos vem à cabeça é de uma bailarina que se transcende ao som de uma Darbuka. Sem dúvida alguma que a bailarina e a derbake estão intrinsecamente ligadas entre si e em conexão formam, no meu entender, o ex-líbris da Dança Oriental.
Este post será dedicado à ligação existente entre o percussionista e a bailarina, logo por consequência à tabla Egípcia e ao corpo que dança. É sobretudo uma reflexão pessoal sobre a semana de ensaios que antecederam ao espectáculo do dia 26 de Junho.

Para além de ter sido uma semana exaustiva, em que tive que ensaiar o meu solo, ajudar a Teresa a preparar os dela, a dar as suas aulas (pois a Teresa esteve doente), a organizar alguns detalhes para o espectáculo, etc. foi sobretudo uma semana surpreendente. Como referi a Tété esteve doente durante a semana de ensaios mas como sabem no mundo do espectáculo não há quem possa parar o ShowBusiness … “The Show must go one”!!! Por isso os ensaios sobre o solo de percussão, que a Teresa iria apresentar juntamente com o Sérgio, foram feitos por mim e pelo próprio Sérgio. Resultado: Uma MARAVILHOSA aula particular sobre precursão com direito a percussionista e bailarina, só para ensinarem única e exclusivamente a minha pessoa (bem, já estou a ficar convencida!) TCHARAAAAAANNN!!!

Mas vamos voltar ao tema principal deste post: A relação entre a bailarina e o percussionista durante um improviso de tabla. Quando se fala neste assunto a primeira questão que nos surge é a seguinte: Será que o percussionista é quem guia a bailarina ou será que é a bailarina que o conduz?… ou será um jogo de pergunta/resposta entre os dois? Bem meninas, se nos remetermos para o Egipto a resposta é simples - o percursionista segue a Bailariana. Por outro lado há quem defenda outras teorias. No meu entender penso que em Roma devemos ser Romanos pois faz parte de compreender e aceitar  a cultura onde estamos inseridos. Apesar disso o meu bom senso diz-me que são exactamente as três coisas ao mesmo tempo. Confusas?! Não é preciso. Sei que no princípio parece complicado mas não é, aliás nem faria algum sentido se fosse de outra forma. De momento não vos irei falar sobre as estruturas da música árabe e de seus estilos pois essa é uma conversa que para além de ser um pouco complicada “dá pano para mangas”, no entanto posso vos garantir que um solo de percussão, quando tocado de improviso, é composto por 3 momentos, os quais não têm ordem certa para acontecer. Eles são: o momento em que a bailarina indica ao percussionista os movimentos que irá fazer e por consequência o som que quer que ele reproduza (neste caso a bailarina conduz o percussionista); o momento em que o percussionista indica à bailarina o som que irá fazer com o intuito de demonstrar, pondo à prova, as capacidades técnicas, auditivas e musicais da bailarina (aqui quem lidera é o percussionista); e por fim o momento em que surge uma espécie de jogo e de diálogo entre o corpo dançante e o instrumento, no qual existe o tal esquema de pergunta/resposta que pode tanto ser realizado pelo percussionista como pela bailarina, ou seja, ambos podem iniciar este jogo fazendo uma pergunta à qual o outro responde.
Uma outra questão que advém do que anteriormente foi explicado é como é que se relacionam e interagem estes diversos aspectos de forma a resultar numa estrutura coerente, perceptível pelo público, mesmo que seja improvisada? Bem o nosso querido Hossam Ramzy diz que a dança é uma reprodução em 3d do que acontece musicalmente e eu não podia estar mais de acordo. Para fazer algo de improviso seja cantar, dançar ou representar temos, em primeiro lugar, que conhecer e dominar a técnica da arte abraçada. Não é necessário sermos prefeitos pois ninguém o é, apesar de o exigir a mim mesma, e até morrermos estamos sempre a aprender. O que quero dizer é que não se deve começar a construir a casa pelo telhado. Na Dança Oriental assim acontece também. Tanto a bailarina como o percussionista têm de dominar a sua arte e conhecer a do parceiro. A bailarina não pode dançar sem reconhecer, nem que seja só de ouvido, os ritmos que está a ouvir (o que para mim ainda é pouco apesar de ser o mais importante e essencial para quem dança). Em relação ao percussionista esta situação repete-se pois quem toca ritmos árabes, direccionando o seu trabalho para a área da dança, sabe que não o pode fazer sem conhecer visualmente os movimentos da bailarina. Este é o primeiro passo para que um improviso seja bem sucedido. Assim caso haja alguma falha de uma das partes a outra pode sempre apoiar o parceiro sem que toda a estrutura do solo se desmanche ou ainda que algum incidente aconteça estarão por si só em plena capacidade de o resolver. Ambos apoiam-se mutuamente.
A partir daqui tanto a bailarina como o percussionista irão jogar e conjugar estes diversos momentos, algo que pode ser combinado à priori. Fazem-no através de um código corporal e auditivo que pode não ser compreensível para quem está a ver e mesmo entre si pode dar-se a situação de ainda não se conhecer os respectivos códigos mas uma coisa é certa é que toda esta linguagem é percepcionada por ambas as partes. A dança e a música é algo que mexe com os sentidos e se a bailarina ouvir muita música árabe e se o percussionista vir muitas bailarinas a dançar tudo isto ficará registado nos seus cérebros, na sua memória auditiva e corporal, recordando e identificando-os mais tarde através de uma química existente entre o instrumento e o corpo dançante. Por este motivo, a química, muitos percussionistas e bailarinas optam pela exclusividade no que diz respeito à escolha do parceiro com quem actuam pois não existe ninguém que reconheça esses mesmos códigos tão bem como o nosso parceiro. Estes, como disse anteriormente, nem sempre são visíveis para quem vê pois podem ser discretos mas algo deve passar para o público: a química existente entre a bailarina e o percussionista tornando uno o som do instrumento com o movimento do corpo dançante. No meu entender toda a bailarina deve ter a capacidade de se enquadrar com diversos músicos e situações pois este luxo de termos um percussionista só para nós nem sempre é possível mas compreendo que existam os predilectos do nosso coração e com quem gostamos mais de trabalhar.

Como disse anteriormente a química existente entre quem toca e quem dança é muito importante para que o público se sinta envolvido e perceba realmente o que está acontecer em palco. É igualmente importante para o músico e para a dançarina que sejam conscientes um do outro para que todo o mecanismo, estrutura e sobretudo MAGIA inerentes a um solo de percussão possam acontecer em pleno desde os momentos que o contemplam, até à comunicação existente entre bailarina e percussionista, até ao resultado em 3d (e num todo!) e por fim até ao objectivo final que é a comunicação entre artistas, palco e público.
Para finalizar quero apenas referir que tal como Hossam Ramzy referiu num dos seus ensaios sobre a Dança Oriental, o precurcionista é o time kepper, ou seja, o guardador do tempo. É ele quem determina e demonstra tanto à bailarina como á orquestra e ao público quando começam e acabam os diferentes momentos musicais. Por este motivo é ele que quem vai à frente na batuta... como se costuma dizer no Brasil.
Reconheço que, ao analisar o ensaio com o Sérgio alguns destes aspectos estiveram em falha. No entanto devo frisar que tanto para mim como para o Sérgio foi uma experiência quase nova (digo quase pois o Sérgio já actuou com outras bailarinas) sobretudo porque ambos, não conhecendo o trabalho um do outro e sem definir nada à priori, nos deixámos levar pelo amor que temos pela música e pela Dança Oriental. E sem isto nada feito meninas, por isso afirmo "Tabla Solo... O Fogo, O Romance” pois tal como nos romances tem de haver química senão a magia não acontece.

Muitas danças,
Maria*

3 comentários:

Catarina Duarte disse...

Olá Maria!

Tópico interessante! Sem dúvida que um solo de percussão é um desafio,tanto para a bailarina como para o percussionista.
Eu nunca fiz um solo de tabla com percussão ao vivo, mas imagino que deve dar um grande gozo! :)

Na minha opinião, uma componente que falta na maioria das aulas de dança oriental é precisamente o estudo dos ritmos. Pode até ser uma coisa aborrecida de aprender, mas é essencial para se ser uma boa bailarina.

Podemos optar por ter aulas de ritmos e percussão árabe, mas pelo que conheço ainda não há muita gente habilitada para dar formação nesta área.

Ou então "fazer o trabalho de casa", ou seja, ser autodidacta, que foi o que eu resolvi fazer! eheh uma pessoa faz o que pode ;)

Beijinhos e boas danças

ps: era suposto este post ter um vídeo? :p

Maria disse...

Querida Cat,
Muito Obrigada pelo teu comentário. Sim tens razão este post deveria ter um vídeo que ainda não consegui postar pois é muito pesado... ainda! Aliás o blog anda muito paradinho pois tenho a intenção de o modificar e como ainda está a meio gás não faço grande publicidade. É bom saber que apesar disso já tenho mais seguidores e que os comentários acabam sempre por surgir.
Sem dúvida que um solo de percussão é um desafio. Acho que a palavra certa é FERNESIM, se a bailarina não o tiver passa a ser só técnica ou então uma grande seca;) Concordo contigo no que diz respeito à falta da componente rítmica nas aulas de dança. O problema é que muitas das professoras por muito boas que sejam não querem dividir o que ganham com um percussionista e muito menos as academias querem pagar a dobrar até porque isso iria se reflectir nos bolsos das alunas. Por outro lado as aulas são compostas por um público misto ou seja grande parte das alunas procuram a Dança Oriental apenas pela sua componente terapêutica e a outra ínfima parte, a de quem quer realmente aprender com intuito de se dedicar profissionalmente, acaba sendo indirectamente prejudicada. Quer dizer ambas as partes o são pois uma não tem de interferir com a outra. Seria bom que as turmas fossem distintas mas às vezes não existem alunas suficientes e acaba por não compensar monetariamente; além do mais isto é algo que não se define à priori mas sim só depois de se experimentar e conhecer a Dança Oriental e a professora conhecer as suas alunas. Contudo a maior parte dos percussionistas não estão habilitados a dar aulas em conjunto pois ou não direccionam a sua arte à dança, apenas à musica, ou então só dão aulas a quem quer ser percussionista. Ora uma bailarina não tem de saber tocar derbake apenas deve conhecer os diversos ritmos e os estilos em que se enquadram.
Outro aspecto muito importante é a forma como as professoras estruturam as suas aulas. Sei que não tenho nenhum diploma nem certificado que garanta uma qualidade supervisionada e aprovada do meu trabalho e que isso é essencial para quem quer leccionar hoje em dia mas acredito que ele terá qualidade pois é nisso em que eu aposto todos os dias tendo sempre em conta cuidar da saúde e do físico de quem vem ter até mim e que em mim o confia. A consciência do corpo do aluno como um templo sagrado é a grande responsabilidade e o juramento de Hipócrates de uma professora de dança.
Tal como tu tenho sido autodidacta aliás neste último ano tem sido assim pois a minha professora do nível avançado esteve de baixa de parto. Como existem poucas a dar este nível com qualidade optei por esperar. Acredita que evolui imenso sobretudo com o apoio da minha outra professora e fi-lo através de coreografias. Nada é melhor para evoluirmos do que perdermos o medo e deitarmos mãos à obra, sempre com a humildade e o reconhecimento que iremos necessitar do apoio das nossas professoras tal como um bebé necessita da sua mãe para dar os seus primeiros passos. Em relação às minhas aulas espero retomá-las agora em Setembro.
Por hoje é tudo.
Beijinho grande,
Maria*

Maria disse...

Bem e é Frenesim e não fernesim:)))

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